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Da pregação de João Batista

O pedaço do Sermão do Batista que a Liturgia pulou

Antes de apresentar o João Batista pregando nas margens do rio Jordão um batismo de conversão para o perdão dos pecados, o Evangelista Lucas situa sua pregação no contexto da história geral do Império Romano e da Palestina.

Depois, o Evangelho apresenta João como “aquele que grita no deserto: Preparai o caminho do Senhor … , citando profecia de Isaias que termina com a promessa que todas as pessoas verão a salvação de Deus. Agora, dois mil anos depois, ainda falta muito par cumprir a última parte daquela profecia. Quatro bilhões de pessoas que vivem no mundo de hoje ainda não conhecem Jesus e seus ensinamentos.

Entre o texto de hoje e o texto do evangelho do segundo domingo do advento falta um pedaço que ficou de fora na reforma litúrgica que reorganizou as leituras dominicais. Em vez de continuar o texto de hoje, o evangelho do domingo que vem começa com a pergunta das multidões: O que é que devemos fazer? Sem conhecer o começo do sermão ficamos sem entender a razão para tal pergunta. É uma pergunta que toda pregação devia suscitar nos ouvintes: O que é que devemos fazer?

Por que será que a liturgia renovada deixou de fora a primeira parte do sermão de João Batista? Será por causa do radicalismo de suas provocações? Imaginem um pregador de hoje começando assim o seu sermão:

Raça de víboras! Não pensem que vão escapar do julgamento que vem! Produzi frutos que provem a vossa conversão! Não pensem que basta dizer que são da Igreja. O machado já está posto à raiz das árvores. Toda árvore que não produzir frutos bons será cortada e jogada no fogo.

Imaginem um pregador a falar a políticos: Bando de corruptos. Não pensem que vão escapar da prestação de contas da sua administração, neste mundo ou no outro. Deixem de servir-se do poder para tirar vantagens. Passem a usar o poder para colocar-se a serviço do povo!

O pregador sabe que nem todo político é corrupto. Sabe que deve apoiar os políticos honestos dedicados à sua missão importante. Não podendo ter certeza na distinção entre joio e trigo, o pregador só pode fazer sermões genéricos. Se fizer acusações pessoais, corre o risco de ser processado e cassado. Deve falar em termos gerais e deixar à sinceridade de cada um dos ouvintes a escolha do chapéu que lhe cabe. Para o julgamento terreno existe a justiça terrena que também deverá prestar contas de tudo que faz ou deixa de fazer.

Imaginem um pregador a dizer: Geração de adúlteros! Não pensem que poderão justificar seus pecados com a mentalidade deste século que tem outros “valores” e se gaba das “conquistas” da libertação sexual.

A opinião pública de hoje se acha livre de tabus, mandamentos e proibições. Despreza valores tradicionais como virgindade, castidade, fidelidade. Não vê a beleza de um namoro romântico de jovens que sabem esperar. O problema é saber como apresentar aos jovens de hoje um ideal de vida exigente. Não basta dizer: Não faça isso, não faça aquilo. Em vez de falar da feiúra do pecado que se apresenta atraente, melhor mostrar a beleza da virtude exigente.

Um programa de televisão quer saber a opinião de representantes de diversas igrejas e religiões sobre sua posição em relação à vida sexual na teoria e na prática do mundo de hoje. Estranhei a falta de firmeza dos cristãos nas respostas. Parece que ninguém quer lembrar que o sexto mandamento continua valendo.

Imaginem um pregador a criticar pessoas que se gloriam de coisas das quais deveriam ter vergonha. Se tiver a ousadia de questionar as demonstrações de orgulho gay, pode ser processado por homofobia. Mas a crítica vale também para o outro lado, para muitos machões que se gabam das suas conquistas e das suas proezas sexuais.

Será que no íntimo não sabem que estão errados? Mesmo correndo o risco de escandalizar alguns, vou relatar uma conversa entre homens que alguém me contou: Um começou criticando um padre: Aquele padre não me venha com sermões. Já o vi num motel em booa companhia. Outro perguntou: E você, o que é que estava fazendo no motel? O primeiro respondeu: Eu posso. Não sou padre. Falou como se o sexto mandamento não fosse para todos. Um homem casado que não se contenta com uma mulher não tem o direito de criticar um padre que não aguenta ficar sem nenhuma.

Tenho minhas dúvidas sobre a sinceridade de muitos que renegam os valores morais tradicionais em nome de novos “valores”. Será que existe alguém que pensa mesmo que a traição, a infidelidade e a promiscuidade são valores, e que castidade e virgindade não valem nada? Diante de quem me que diz que a virgindade não tem valor, me lembro do ditado sobre o macaco velho que não consegue mais alcançar uma banana e diz que a banana não presta.

Saindo do terreno tranquilo do genérico, devo abordar uma coisa concreta. Festas profanas invadem a madrugada do domingo, até no advento e na quaresma, e na vigília do Natal e da Páscoa. Certas festas são verdadeiras escolas de promiscuidade e de alcoolismo e outras drogas que estragam o futuro de muitos jovens.

Ouvi dizer que tais festas são bem lucrativas para seus organizadores. As piores são aquelas que cobram caro para dar bebida de graça. Até quando vão continuar a favorecer o alcoolismo que fará sofrer não só o bebedor, mas esposa e filhos também?

Espero que o sermão do Batista leve você também a querer saber o que deve fazer. O que pode fazer para o mundo onde foi colocado.

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