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São Roque na peste das drogas


São Roque é um dos muitos Santos dos quais sabemos pouco. Nasceu na França duzentos anos antes da chegada dos portugueses ao Brasil. Morreu com apenas 32 ou 33 anos. Não foi pregador famoso como Francisco e Domingos um século antes dele.

São Roque tem muitos admiradores e poucos imitadores. Muitos pedidores e poucos seguidores. Seria bom que seus devotos soubessem alguma coisa da vida dele. Era de família rica, herdeiro de muitos bens. Posso imaginar o jovem Roque a escolher o seu caminho diante do texto sobre o jovem rico que não teve a coragem de aceitar o convite de Jesus para deixar seus bens e seguir o Senhor.

Filho de ricos, o jovem Roque deu aos pobres a sua herança, e se fez peregrino a procura de Roma. No caminho passou a cuidar dos doentes da peste, quando ainda não existia nem vacina nem remédio que pudesse evitar ou curar a doença.

Depois de cuidar dos outros por muitos anos, ele mesmo ficou doente. Imagens o apresentam com feridas da peste, e com um cachorro com pão na boca. Essas figuras nos dizem que o Roque que tanto cuidava dos doentes, na sua própria doença só tinha um cachorro amigo a trazer-lhe comida.

A devoção popular aos santos faz parte da vida da Igreja. É boa na medida em que nos encaminha para Deus. Não sei se os santos querem ser elogiados e cantados. Mais que admirados, querem ser imitados. Mais que ajudar-nos a resolver os nossos próprios problemas, os santos querem ajudar-nos com seu exemplo de uma vida dedicada aos outros. Mais que devotos aos santos, o mundo quer cristãos como eles.

As doenças que hoje fazem os maiores estragos já não são a cólera e a peste. Se você quiser imitar o São Roque hoje, procure enfrentar o flagelo maior das drogas. Não vai ficar contaminado, mas corre o risco de ser perseguido, se tiver a coragem de enfrentar os mosquitos transmissores dessa praga, os traficantes.

Ainda bem que muitos se dedicam ao cuidado dos drogados. Mas prevenir é melhor que remediar. É urgente mobilizar muita gente nas campanhas contra drogas, contra a peste pior que as doenças da idade média. Traficantes procuram contaminar suas vítimas cada vez mais cedo. Para seduzir, oferecem a primeira dose de graça, para depois faturar com a miséria dos viciados. Precisamos vacinar os jovens ainda sadios contra a contaminação das drogas, imunizá-los contra falsas promessas dos inimigos disfarçados em amigos. É urgente organizar campanhas persistentes de advertências contra o poder das drogas. Em escolas, igrejas, movimentos de jovens, associações. Também na rua, nos jornais, na televisão. Estamos em tempos de guerra. Esta guerra é de todos. Você não pode ficar de fora pensando apenas em ter vida boa. O mundo precisa de gente corajosa como foi São Roque.

+ Cristiano, Bispo de Jequié

Jequié, 16 de agosto de 2011

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