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Palpites e Perguntas do MC, 2

O MC metido a Economista

Para surpresa geral da Nação, o Copom do BC do Governo reduziu a taxa básica de juros de 12,5 para 12 %, mesmo sem ter previsão segura de redução da inflação.

Economistas a serviço do capital financeiro logo questionaram a interferência do Governo na condução da política econômica do país. Dizem que a continuação da política de aperto monetário seria necessária para proteger o povo contra a volta do bicho papão da inflação.

O MC desconfia que tais argumentos devam esconder outras razões. Interesses poderosos inventam pretextos para entregar às instituições financeiras o comando da política econômica. Conseguiram manter no governo do PT com Meirelles a política de muitos juros e pouco dinheiro no mercado. Dinheiro raro é dinheiro caro. Nossos juros oferecem ao capital financeiro os lucros mais altos do mundo.

O MC não anda bitolado nos trilhos de correntes de pensamentos copiados. Não se deixa enquadrar por escolas de economistas que vivem repetindo lições do passado. Na crise econômica atual parecem mais perdidos que cegos em tiroteio. De tanto ouvir opiniões divergentes sobre as crises do século, o MC já tem vontade de formar também as suas teorias. Vão aqui alguns palpites:

Nas duas décadas passadas, o Brasil perdeu duas ocasiões para tornar-se em vinte anos a grande potência econômica mundial. Em vez de investir seus recursos num desenvolvimento para todos, ficou transferindo trilhões aos donos do dinheiro, com juros absurdos sobre a dívida pública interna, e com juros ainda maiores sobre o financiamento da produção e do comércio.

Temos agora a terceira chance, contanto que a redução atual dos juros básicos não seja apenas um pulo de sapo, mas o início de uma mudança radical na política econômica do Governo. Na economia, o Governo do PT ainda não mostrou a que veio. Um governo que pretende construir um país para o povo não pode deixar o capital financeiro no comando da sua política econômica.

O Brasil continua com a faca e o queijo. Temos o material, os maiores recursos naturais ainda disponíveis, em terras, água, minérios, petróleo e luz. Temos a faca para cortar os juros que poderiam ser investidos no desenvolvimento do país.

Um exemplo típico dos prejuízos da política econômica vigente no Brasil está no nosso atraso no aproveitamento direto da energia solar, apesar de todos os favores que temos da natureza. Não precisa ser doutor em economia para saber que a culpa está no custo do dinheiro. Com juros acima de 10 %, a dívida de uma empresa que não produz por ano nem 10% do seu investimento inicial vai crescer sem parar.

Com juros menores, o Brasil pode investir muito mais em estradas, ferrovias, hidroelétricas, saúde, educação. Sem aumentar os impostos para o cidadão. Pode substituir os impostos pesados e complicados do ICMS por taxas sobre o pré-sal e os minérios, e até sobre produtos agrícolas, enquanto os preços continuarem altos, e quando forem favorecidos pela redução do valor irreal do Real.

Não seria melhor aproveitar o dinheiro do pré-sal para livrar o país do peso da dívida pública, em vez de desviar o lucro para investimentos num “fundo soberano” de juros pequenos? Aliás, não é bom contar com os pintinhos dessa galinha de ovos de ouro antes de saírem do ninho. Basta uma recessão mundial mais forte para derrubar os preços e devorar os lucros do pré-sal. Para o futuro, o próprio petróleo guardado no cofre seguro das profundezas pode ser o investimento melhor.

Quem tem a paciência de acompanhar as considerações deste MC pensador, deve ter a pergunta que tenho também: Se os juros altos prejudicam tanto o nosso país, por que são tão defendidos com tantos argumentos por tantos economistas no Governo e na imprensa? Resposta simples e evidente: Para proteger os interesses do capital. Argumentos se inventam de acordo com a sua utilidade para alguém. Por isso, as primeiras perguntas são outras: Quem é que tira vantagem da política de tantos juros sustentados pelo aperto monetário? Quem é que recebe o dinheiro dos juros?

Os governantes brasileiros deste século transferiram, pelo programa bolsa-família, uma dezena de bilhões por ano aos pobres. Só pelos juros sobre a dívida pública interna estão transferindo uma dezena de bilhões por mês aos ricos.

A farta distribuição de esmolas pelo Governo deixou os mais pobres um pouco menos pobres. A política econômica do tempo do Real favoreceu o capital financeiro e deixou os mais ricos muito mais ricos. Fez crescer o número de milionários no Brasil e encheu o bolso de investidores de fora na nossa bolsa com a valorização do Real. Seria bom fazer um levantamento de tudo que foi desnacionalizado neste século em terras, ações, fábricas, hotéis e comunicações e outros serviços.

Economistas a serviço do capital financeiro alegam a necessidade desses juros para controlar a inflação. Por isso falam em enxugar o mercado para limitar o dinheiro em circulação. Por outro lado, cuidaram tanto de atrair dinheiro de fora com juros atraentes que agora reconhecem finalmente que tal política fez o Real ficar forte demais e prejudicou a nossa indústria.

No entanto, se o nosso dinheiro subir para um patamar razoável entre dois e três Reais por Dólar, logo virão protestar em nome do combate à inflação. Vão alegar que viagens ao exterior ficarão mais caras, e produtos importados também.

Não percebem que preços maiores nesses setores favorecem o Brasil e o povo brasileiro? Querem continuar com a concorrência desigual de produtos fabricados em países de salários menores? Querem manter o saldo negativo da conta turismo e apoiar os gastos de brasileiros nos templos do dinheiro em lugares como Las Vegas?

Numa comparação entra as dívidas publicas dos Estados Unidos e do Brasil, a revista VEJA deixou o leitor menos atento com a impressão que a dívida deles seria pior que a nossa. Os redatores quiseram esquecer que o peso maior da dívida não está no seu valor absoluto, mas nos juros que pesam sobre ela.

Deveriam ter lembrado também que a dívida deles foi feita para investimentos maciços na infraestrutura de rodovias, estradas de ferro, portos, aeroportos, pesquisas e serviços públicos de primeira em educação e saúde, enquanto a dívida nossa cresceu apenas com os juros e ainda devorou as dezenas de bilhões do “superávit primário”.

Para terminar, mais alguns palpites com questionamentos aos economistas: Com noções apenas rudimentares de ciência econômica, o MC entende que a inflação resulta de um desequilíbrio entre muita procura e pouca oferta. Por que é que nossos economistas não querem pisar no acelerador dinâmico do aumento da produção, em vez de puxar o freio da contenção do consumo pela política de aperto monetário?

Para o MC, o dinheiro obedece às leis do mercado como outras mercadorias. Esse mercado não pode ser entregue às suas próprias leis. Com outras palavras, à lei do mais forte. Em questões de economia, os mais fortes são os donos do dinheiro. Pelas leis do mercado, o preço de cada mercadoria aumenta com a sua escassez e diminui com a sua abundância. A inflação pode ser considerada de duas maneiras: diminuição do preço do dinheiro, ou aumento do conjunto das mercadorias.

Os que assustam o povo com o espantalho da inflação escondem o lado bom de preços maiores em certos setores. Ninguém vai investir na produção de coisas que não possam compensar os custos com investimentos e salários. Querer segurar inflação com importações de produtos tão baratos que não compensem os custos da produção nacional é coisa de políticos com horizontes tão estreitos que não vão além das próximas eleições.

Cada tempo tem sua teoria econômica dominante. Agora é a vez das metas de inflação, remédio genérico de quem vê na inflação o pior dos inimigos. Essa teoria diz que são os pobres que mais sofrem com a inflação. Na realidade, os mais prejudicados com a desvalorização do seu dinheiro são os donos dele. Quanto mais dinheiro alguém tiver, mais ele perde com a desvalorização do seu dinheiro e das suas ações. Por isso aprenderam a compensar a inflação com juros e correção monetária. Juros sempre maiores que a inflação servem para aumentar os lucros do capital financeiro.

Mesmo prevendo críticas dos donos da ciência econômica, o MC faz palpites sobre aspectos positivos do aumento de preços em algumas áreas da economia. Preços maiores de carros e artigos de luxo importados e de produtos exportados são bons para o país. Preços elevados do petróleo valorizam o pré-sal, o etanol e outros biocombustíveis, e ajudam o mundo na luta para diminuir a queima poluente de derivados do petróleo. A subida dos preços de cigarros e bebidas será boa para ajudar no combate aos vícios.

Comparando a evolução dos juros nominais com a inflação nos tempos do Real, o MC viu que nossa política econômica vem procurando sempre manter uma grande distância entre os dois, conseguindo com isso os juros reais maiores do mundo.

Somente agora baixaram para menos de 6%. Se o governo conseguir manter a redução dos juros reais, o MC prevê uma mobilização muito grande dos donos do dinheiro contra a diminuição dos seus lucros e do seu capital. Será difícil para o BC resistir às pressões do poder do dinheiro em favor dos juros, pois o dinheiro dá poder e o poder dá dinheiro.

Jequié, 12 de setembro de 2011 Cristiano Krapf

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