"LUX MUNDI Sua Luz Pode Vencer as Trevas do Mundo"

Existe Teologia Científica ?

Com Histórias de Historiadores e Teorias de Escribas?

Em artigo sobre ciência e fé afirmei que não existe incompatibilidade entre as duas. Por outro lado, a fé de muitos cristãos ficou abalada por uma exegese que se diz científica. Para a Bíblia, Deus nos fala por meio de profetas, milagres e anjos.

Para cientistas que acham que nada existe além do que podem provar com seus métodos, profetas podem ter mentido ou tido alucinações, milagres são impossíveis por definição, anjos não existem.

Para cristãos que acreditam no Evangelho, um anjo anunciou a Maria que por obra do Espírito Santo terá um filho que será chamado Filho de Deus, Deus conosco. Diante do espanto de Maria, o anjo disse que Isabel, já idosa demais, também ia ter um filho, e já estava no sexto mês, para que Maria possa ver que para Deus nada é impossível.

Mateus lembra uma profecia escrita setecentos anos antes por Isaias como SINAL DADO POR DEUS: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho”. A prova que tal profecia não foi fabricada depois do acontecimento está na Bíblia dos judeus.

E a verdade, onde está? ??? Confesso que nunca fui bom aluno de história. Preferia ciências exatas, apesar de certa curiosidade diante de livros de história que tentam trazer para o presente e para o futuro o conhecimento e a interpretação de fatos e boatos de tempos passados.

TEOLOGIA da Libertação?

Admiro a capacidade intelectual de um José Comblin e de um Leonardo Boff, e de outros que ainda vêm na teologia da libertação a chave mestra para diagnosticar as causas dos problemas sociais e a receita genérica para os remédios servidos nas farmácias de manipulação da releitura bíblica.

Mesmo assim, não posso concordar quando chamam de alienados e inimigos dos pobres a todos que não adotam os mesmos pontos de vista diante de uma realidade tão complicada que não cabe nas bitolas das ideologias, nem da direito nem da esquerda, nem de partidos conservadores nem de correntes revolucionárias.

A Igreja incomoda muita gente. Sua mensagem vem provocando todo tipo de reações. Na Palestina, desde as pregações de João Batista que convocava pecadores à conversão. No mundo todo, desde que Jesus confiou aos seus discípulos a missão de anunciar o Evangelho a todos. Inimigos de fora e descontentes de dentro gostam de descobrir e propagar os defeitos das pessoas e das estruturas da Igreja do presente e do passado para desqualificar a sua mensagem.

Alguns ficam virando as latas de lixo do passado à procura de “documentos” que possam provar os erros da Igreja de ontem para minar a força da sua mensagem para hoje. Conseguiram encher a opinião pública do nosso tempo com péssimos conceitos sobre a idade média que chegam a chamar de idade das trevas.

Historiadores futuros vão falar mal da Igreja de hoje, apoiados em notícias sobre escândalos propagados nos jornais atuais. Vão atribuir ao clero em geral os erros praticados por alguns. Vão culpar o Papa pelos pecados de padres.

Para falar mal da Igreja, contam com o apoio de gente da Igreja como José Comblin que diz que Pio XII teria condenado todos os teólogos importantes e todos os movimentos sociais importantes do seu tempo. Muitos repetem calúnias de um livro que fez sucesso por atacar a figura extraordinária do mesmo Papa, com acusações gratuitas sobre falta de firmeza dele contra as perseguições de Hitler aos judeus. Comblin acusa também Dom Cláudio Hummes de ter suprimido tudo que havia de social na diocese de São Paulo.

Descontentes da esquerda acusam o Papa de ter perseguido os adeptos da Teologia da Libertação. Conservadores elogiam o Papa por suas restrições à mesma TL. Pessoas menos engajadas em ideologias lembram que o Papa elogiou as coisas boas na prática da teologia da libertação, mas criticou alguns aspectos da sua teoria. O problema é que muitos atribuem tanta importância às teorias da teologia da libertação que a consideram ferramenta exclusiva para motivar a ação libertadora.

Alguns chegam a condenar como inimigos dos pobres aos que não pensam na bitola deles. Quando o arcebispo de João Pessoa não quis aceitar na sua diocese a campanha por uma lei para confiscar as grandes fazendas, foi acusado de estar do lado dos ricos contra os pobres, na velha perspectiva de luta de classes. Muitos pensam que gritar contra os ricos seria o melhor caminho para resolver os problemas dos pobres. Descontentes com o bispo conservador apelaram ao Núncio e à CNBB para interferir em Roma para cassar o mandato dele.

Para onde vai a CRISTOLOGIA ?

De um amigo recebi cópia de uma conferência de Comblin em San Salvador, 18/3/2010, onde diz que nosso tempo renovou completamente a Cristologia. Para pior, penso eu, desde que vi amostra num livro de Boff. O defeito da teologia da libertação está na sua teologia, que de teologia mesmo não tem muita coisa. No começo da década de 70, seminários adotavam textos da teologia de libertação como se fossem manuais de teologia. Um seminarista me veio com dois livros de Leonardo Boff para ler. O primeiro traz em roupa nova coisas velhas de questionadores da veracidade histórica dos textos evangélicos. O outro faz acusações malévolas contra monsenhores do Vaticano que seriam todos carreiristas disputando poder.

A teologia da libertação pode ser boa pimenta na comida. Ou sobremesa que não dispensa o alimento sólido da teologia da Igreja construida a partir da Revelação Divina em Jesus, o Cristo anunciado muitos séculos antes pela boca de profetas. Revelação trazida até o mundo de hoje por textos escritos por discípulos do Senhor e por pregadores do Evangelho.

Um problema da Igreja de hoje está numa teologia relativista diluída em ciência das religiões alicerçada em preconceitos que não admitem nenhuma intervenção de Deus na história dos homens e não reconhecem no Evangelho a Palavra de Deus. Exemplo disso são afirmações como esta de Comblin: “São Lucas não tem nenhum valor histórico”. Depois ele fala da ação do Espírito Santo em profetas da teologia da libertação. Como sabe coisas do Espírito Santo, se não acredita na verdade histórica dos textos evangélicos?

Qual é a IGREJA que Jesus queria ? Nenhuma ???

Muitos negam que Jesus queria Igreja com autoridade para confirmar os irmãos na fé. Não sei porque contestam tanto a verdade histórica do Cristo da fé. Se Jesus foi apenas um homem, um profeta entre outros, que diferença faz se temos palavras de Jesus ou coisas inventadas pela Igreja?

Se Jesus não é o Filho de Deus, Palavra de Deus para nós, para que conhecer seus ensinamentos e obedecer aos seus mandamentos?

Se a voz da Igreja está tão irrelevante no mundo de hoje como diz Comblin, culpa disso é também de escribas que falam mal de tudo que vem de Roma em vez de incentivar pelo menos aos católicos a conhecer os documentos do Papa que tem por missão de confirmar seus irmãos na fé. Apenas um cego não vê que Bento XVI é um homem inteiramente dedicado a essa sua missão. O pior cego é quem não quer ver.

A reação indignada de doutores em teologia diante de advertências do Papa contra o relativismo na doutrina e na moral, e diante do documento sobre a missão do teólogo na Igreja, são sintomas da crise de fé na Igreja. Não é jogando pedras na Igreja que vão contribuir para melhorar.

Também não quero jogar pedras nos teólogos de qualquer corrente, mas quero contribuir com minhas provocações para aprofundar a reflexão a partir da Palavra de Deus no Evangelho.

Algum leitor atento talvez queria perguntar: “Por que criticar justamente o José Comblin, que muito trabalhou pela Igreja e pelo povo nordestino em décadas passadas, se as críticas que ele faz à doutrina e às estruturas e às autoridades da Igreja são apenas formulações mais radicais de opiniões corriqueiras entre exegetas e teólogos, entre escribas e doutores da lei?

Se tais teorias andassem apenas na cabeça e nas máquinas de alguns doutores em coisas de religião, eu não ia gastar meu tempo com isso. Minha preocupação é que possa acontecer na Igreja de hoje algo parecido com coisas que aconteceram nos tempos dos Arianos ou nos tempos de Lutero e Calvino.

Para onde vai a EXEGESE?

Exegetas influenciados pela teologia liberal protestante deslocaram a redação dos evangelhos para o segundo século da era cristã. Com isso abriram caminho para quem queria fazer do Cristo histórico um Cristo da fé, uma figura mitológica surgida no correr de muitas décadas em comunidades de “crentes” a partir de notícias de difícil verificação atual em torno de um certo Jesus de Nazaré.

A partir da descoberta de novos documentos históricos nas grutas de Qumran, tiveram que recuar as histórias sobre a redação dos evangelhos para o primeiro século, mas ainda abafam documentos que se referem às décadas anteriores ao ano 70. Para as teorias deles, a mitologia presente nos textos escritos supõe um tempo de muitas décadas de maturação entre os acontecimentos e a redação escrita. Com Bultmann que pretendia desmitologizar a figura do Cristo apresentado no Novo Testamento ficou reforçada a idéia de distinguir entre o Jesus histórico e o Cristo da fé.

Para os mais radicais, o Jesus histórico teria pouco a ver com o Cristo do NT.
A corrente majoritária na exegese e na teologia atual pode ser chamada de neoliberal. Foi acolhida também entre católicos adeptos de uma teologia que esteja acima dos limites eclesiásticos e das fronteiras confessionais.

Sobre este século pairam ameaças de novas divisões. A falta de autoridade para sustentar a unidade nas igrejas provenientes da reforma protestante continua levando ao surgimento de milhares de novas igrejas e igrejinhas. Sem questionar os valores de outras igrejas cristãs, e sem ter a ilusão de um retorno de todos os cristãos unidos numa só Igreja, insisto na importância da unidade dos católicos sob a firme direção do atual sucessor de Pedro.

Nosso mundo seria bem melhor, e a vida seria mais bela, se todos os cristãos procurassem conhecer os ensinamentos de Jesus e viver de acordo com o Evangelho apresentado pela Igreja. Está na hora de começar a construir o mundo dos sonhos de profetas para os tempos do Messias. Jequié, preparando o Natal 2010

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