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Padres para este mundo

Padres para Nosso Século

Já se foi o tempo que o padre tinha prestígio na sociedade só por ser padre. Hoje chega enfrentando a desconfiança de olhares críticos que ficam na espreita para ver algum ponto fraco a criticar no seu agir e falar.

Para ser padre num tempo de crise no mundo e na Igreja precisa ter coragem. Estamos na era do materialismo prático do consumismo que faz do dinheiro seu Deus que oferece poder e prazer. Cristãos e ateus percebem que a Igreja está passando por uma crise existencial, agravada por defeitos entre seus representantes, escândalos que servem de pretexto para questionar o conteúdo da sua pregação.

Sobre as causas da crise existem controvérsias, e mais ainda sobre os caminhos possíveis para melhorar. Para muitos foi o Concílio Vaticano II que causou a crise atual, ou piorou a situação, com mudanças na liturgia, nas estruturas e na organização da Igreja, na doutrina que procura sistematizar o conteúdo da fé, e nos preceitos morais que procuram aplicar os mandamentos de Deus ao mundo atual. Para outros, a crise não surgiu e não se agravou por causa do Concílio, mas apesar do mesmo. Acham que a Igreja estaria muito pior sem o Concílio.

Outros ainda acham que o Concílio devia ter feito mudanças muito maiores. Exigem mais mudanças urgentes. Descontentes com a Igreja e suas estruturas, com Papa e Vaticano, com bispos e padres, com tradições e catecismos, os críticos da Igreja do passado e do presente querem uma Igreja diferente para o futuro. Divergem nas suas propostas, mas o seu clamor por um novo Concílio traz exigências convergentes.

Os conservadores respondem que o Concílio já mudou demais, e que a Igreja não pode abandonar o conteúdo da fé formulado nos primeiros séculos e a riqueza da tradição. Contra o relativismo questionador da realidade histórica da Revelação Divina na Bíblia insistem na singularidade da Palavra e da presença real de Deus em Jesus que continua na Igreja por seus ensinamentos e pelos sacramentos que precisam de sacerdotes.

Muitos querem tirar a exigência do celibato para os padres, lei que consideram como causa maior da falta de padres e das faltas dos padres, de pecados e escândalos. Acho que tais coisas não acontecem por causa do celibato, mas apesar do celibato. Alguém pensa que o casamento traz imunidade contra tentações e traições? Quanto à falta de padres, é preciso ver que outras Igrejas exigentes com seus pastores também sentem falta de pastores dedicados à sua missão.

O peso maior do celibato não está em renunciar aos prazeres do sexo, mas em deixar esposa e filhos (que podia ter). A solução não está em diminuir as exigências, mas em aumentar a disponibilidade, a disposição de dedicação integral à pregação do Evangelho inteiro, quer agrade, quer desagrade. O celibato só tem sentido como parte do deixar tudo pelo Reino de Deus. Fora desse contexto fica pesado demais.

Unir as igrejas sem unidade na Igreja?

Nestes tempos de confusão na Igreja e no mundo, ando preocupado com a falta de unidade na Igreja. Como podemos recuperar a unidade de todos os cristãos, se não conseguimos viver unidos na nossa própria Igreja, na Diocese, na Paróquia, nas Pastorais, nos Movimentos, e até na Família?

Querendo construir a unidade na Igreja, precisamos primeiro desfazer idéias erradas sobre unidade. Para vivermos unidos, não precisamos ter os mesmos pontos de vista em tudo. Não precisamos torcer pelo mesmo time, nem ser do mesmo partido político. Ninguém mais quer um partido único e obrigatório para todos os católicos. Já passou o tempo de excomungar partidos.

Problemas podem surgir, quando partidos apresentam propostas contrárias aos ensinamentos da Igreja. Outros atritos entre o poder civil e a Igreja são provocados por padres ou bispos que querem envolver a Igreja toda em campanhas contra projetos complexos de política econômica.

Quanto à participação direta de padres e bispos na política partidária como candidatos, alguém duvida que isso divide a comunidade?

A unidade que precisamos preservar ou conseguir é a unidade na fé e na vida, unidade sustentada pela obediência à autoridade legítima. Acontece que a obediência é uma virtude de pouco prestígio no mundo e na Igreja de hoje. Vem aumentando a pressão por estruturas mais democráticas na Igreja, por colegialidade entre os Bispos com o Papa, por corresponsabilidade dos padres com o Bispo na Diocese e dos Leigos com o Padre na Paróquia.

Jesus deu a Pedro a tarefa de confirmar os irmãos na fé. È missão do Papa cuidar da unidade na Igreja, junto com os bispos. É missão do Bispo cuidar da unidade na Diocese, junto com os padres. É missão do Padre cuidar da unidade na Paróquia, junto com Líderes Leigos.

Tudo isso em atitude de serviço, em obediência à recomendação de Jesus aos apóstolos que discutiam sobre qual deles seria o maior: Não façam como os reis que dominam e exploram: O maior dentre vós seja o menor, o que governa seja aquele que serve. (Lc 22,26) Hoje, Jesus diria: Não façam como certos políticos que dominam e exploram. Não aproveitem seu cargo para tirar vantagem!

O profeta Ezequiel diria: Não façam como certos pastores que se apascentam a si mesmos, em vez de apascentar as ovelhas! (Ez 34)

Ser padre não é apenas o ganha-pão de um funcionário de igreja, mas a vocação para um serviço especial à comunidade. O padre é chamado a ser pregador da Palavra de Deus, quer agrade, quer desagrade, para todos que têm ouvidos para ouvir e querem conhecer a verdade. Jequié, 06 de Março 2011

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