"LUX MUNDI Sua Luz Pode Vencer as Trevas do Mundo"

Rezar não é para quem não quer nada

Aprender a Orar para Conscientizar

Jesus nos disse que podemos falar com Deus com a confiança de filhos diante do Pai. Vendo Jesus em oração, os discípulos lhe pediram que os ensinasse a rezar.

Diante das diferenças entre Lucas e Mateus surge a pergunta: Qual foi o Pai-Nosso que Jesus nos ensinou? Todos os sete pedidos da versão de Mateus podem ser de Jesus. Algumas variantes de cópias antigas do texto mais curto de Lucas têm mais um pedido: Vosso Espírito Santo venha sobre nós.

Diferenças pequenas entre textos usados pelo povo cristão surgem da dificuldade de traduzir textos antigos. Muita tradução é traição. No Brasil temos diferenças entre Teu e Vosso. Não faz sentido brigar com outras igrejas por causa de tradições diferentes.

No Brasil temos protestantes que criticam nossa maneira de rezar para dizer que estamos na Igreja errada. O mais importante é entender e assumir o que estamos pedindo ao rezar a oração que o próprio Jesus nos ensinou.

Não podemos fazer esses pedidos a Deus e depois ficar de braços cruzados, esperando que as coisas aconteçam.

Para que pedir Santificado seja o vosso nome, e usar o nome de Deus em vão?
Não adianta pedir Seja feita a vossa vontade, e depois fazer o contrário.
Como pedir pelo Reino de Deus, sem trabalhar para construir o seu Reino aqui?
Para que pedir a Deus o pão nosso de cada dia, de barriga cheia, e nada fazer para que todos possam ganhar o seu pão com seu trabalho?
Ao pedido de perdão, Jesus anexou esta condição: assim como nós perdoamos.

O Pai-Nosso é oração de conscientização. Não deve ser rezado da boca para fora. Vida cristã não combina com mediocridade. Não é para egoísta hedonista consumista comodista que procura vantagem em tudo, até na religião.

Falando numa missão popular, fui surpreendido por um questionamento: Padre, o Pai-Nosso está errado. Se nós não sabemos perdoar, como é que vamos pedir a Deus que nos perdoe assim como nós perdoamos?

O que está errado não é o Pai Nosso, nem a advertência que Jesus acrescentou ao pedido de perdão. Prevendo objeções, Jesus mesmo fez questão de insistir com sua própria explicação: Pois, se perdoardes … , também o vosso Pai celeste vos perdoará, mas, se não perdoardes … , o vosso Pai também não vos perdoará.

Jesus conhece nossa natureza. Ele sabe que perdoar é coisa difícil para nós. Por isso insiste que devemos aprender a perdoar. Incomodado, Pedro perguntou: Senhor, quantas vezes devo perdoar ao irmão que pecar contra mim? Até sete vezes?

Pelo jeito de perguntar, Pedro achava que sete vezes seria um exagero. Mas Jesus respondeu: Não te digo até sete, mas até setenta e sete vezes. (Variante: até setenta vezes sete. Mt 18,22)

Na crise de valores de hoje, o mundo põe a vingança acima do perdão. Perdão agora é sinal de fraqueza. O forte não leva desaforo para casa. Na realidade, o perdão faz parte do amor, mas o egoísmo prevalece tanto que a paz não vence as desavenças. Nem na família. Muitos perguntam até que ponto devem perdoar. Até a traição?

Fico preocupado diante de separações até de casais de vivência cristã, até de homens e mulheres que eram atuantes em movimentos. Para onde vai a sociedade? Diante do comportamento de tantos jovens de hoje, como será o futuro da família? Tanto egoísmo vencendo o amor, até num país onde quase todos se dizem cristãos?

Por que Jesus insiste tanto na necessidade do perdão? Porque o fundamento da vida cristã é o amor. O amor precisa todo dia vencer o egoísmo. Sem o perdão, o amor não sobrevive às dificuldades naturais da convivência. Jesus podia dizer também: Perdoai-vos uns aos outros assim como eu vos perdoei. Foi para nos trazer o perdão dos pecados que Ele veio participar das condições da existência humana. Pendurado na cruz, ainda fez um último pedido ao Pai: Pai, perdoai-lhes: não sabem o que fazem.

O diácono Estêvão, depois de tentar em vão convencer seus perseguidores num longo sermão, pediu por eles: Senhor, não os condenes por este pecado.

Poucos são colocados em situações tão extremas, mas todo cristão é convocado para carregar a cruz que surge na sua vida. Toda vida humana tem suas dificuldades, e toda convivência tem seus atritos. Às vezes é preciso carregar o peso do outro.

Sem a disposição ao perdão, de pequenos atritos surgem grandes conflitos. Em casa, na rua, na cidade, no país e no mundo. Para vocações especiais, outra palavra de Paulo: Carrego na minha carne o que falta na cruz de Cristo.

São Lucas não repete a insistência de Jesus na necessidade de aprender a perdoar para obter o perdão de Deus, mas apresenta uma parábola sobre a importância de perseverar na oração, com a conclusão: Se vós, que não sois tão bons, sabeis dar coisas boas aos filhos que pedem, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem.

Rezar é para quem quer algo mais.

Jequié, 25 de Julho de 2010 + Cristiano Krapf

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